“A
boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca”
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca”
(M.M.)
Gabriela
voltou remaquiada “remakeADA”. Nada contra Juliana, mas é que todas as
primeiras versões, de novelas, filmes, músicas são sempre mais marcantes. Mas
estou assistindo sim, quem sabe não me apego a novelas?? O ruim é que atrapalha
a minha programação da BAND!
Mas
vim falar do primeiro capítulo: a saída da família de sua terra, seu lugar,
forçada pela força da natureza, e naquela região ainda bem cruel hoje, diga-se
de passagem.
Lembrei
de meus avós, por parte de mãe que (conta a história) saíram do sertão da Paraíba
para não matar e não morrer. Meu avô foi acuado por grandes proprietários que
exigiam suas terras, por ser próxima a um grande açude, e ele com 7 filhas e esposa
tinha que ser rápido: ou saiam, ou ele se dispunha a enfrentar os capangas de
coronéis, e aí corria risco toda a família dele... penso no quanto ele não se
achou por vezes um covarde, por “fugir”, mas foi melhor assim, vô! Senão eu não
estava aqui, né? O senhor não teria essa neta maravilhosa! (grifo meu, hihihi)
Ainda
não fui a fundo nisso, minha mãe (antes do Alzheimer) não gostava de falar mal
da terra dela, minhas tias sempre contaram essa versão ou algo bem próximo, que
sofreram, que foram expulsas, que à noite na escuridão (60, 70 anos atrás) elas
viam capangas armados ao redor das terras delas, roubavam gado, matavam, e elas
quietinhas escondidas dentro de casa.
A
seca matando tudo em volta, sem uma gota d’água para nada! E elas, com o pouco
de água do açude tocavam a vida simples de sitiantes, até que a sede de PODER
as destituiu de suas terras.
Hoje minha mãe tem 81 anos e o cenário ainda é o mesmo, conforme vi de perto
ano passado! Meus Deus, eu não pensei que viveria para ver no real, uma paisagem
que até então só conhecia de tela!
O
primeiro capítulo de Gabriela muito me emocionou, não vivi aquilo, mas sei que é bem por ai!
Enquanto
os podres poderes se engalfinham um acusando o outro, ainda vive-se no interior
do Brasil, as mesmas situações de 50, 100, 200 anos atrás. É vergonhoso! Mas quem
vai se levantar para contra atacar? Ninguém! Fácil é descer a lenha daqui,
confortavelmente. Ai de quem tentar se levantar ainda hoje contra o coronelismo
e a industria da seca existente neste país. Será morto em emboscada, ou à luz
do dia mesmo, como estamos vendo por aí: jornalistas, policiais, pessoas que
combatem o mal.... é, não tá bom não!
E
tenho péssimas notícias: NÃO VAI MELHORAR!
O
povo não sabe a força que tem, vive na vida de gado que Zé Ramalho canta,
mas........... já viram o estouro de uma boiada?? NINGUÉM segura.
Difícil
é conscientizar o primeiro boi! Mas “tamo na luta”!
Beijos.
LOYRA*SP