ÉRAMOS JOVENS

terça-feira, 26 de junho de 2012

Gabriela voltou e nada mudou


A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
(M.M.)

Gabriela voltou remaquiada “remakeADA”. Nada contra Juliana, mas é que todas as primeiras versões, de novelas, filmes, músicas são sempre mais marcantes. Mas estou assistindo sim, quem sabe não me apego a novelas?? O ruim é que atrapalha a minha programação da BAND!
Mas vim falar do primeiro capítulo: a saída da família de sua terra, seu lugar, forçada pela força da natureza, e naquela região ainda bem cruel hoje, diga-se de passagem.
Lembrei de meus avós, por parte de mãe que (conta a história) saíram do sertão da Paraíba para não matar e não morrer. Meu avô foi acuado por grandes proprietários que exigiam suas terras, por ser próxima a um grande açude, e ele com 7 filhas e esposa tinha que ser rápido: ou saiam, ou ele se dispunha a enfrentar os capangas de coronéis, e aí corria risco toda a família dele... penso no quanto ele não se achou por vezes um covarde, por “fugir”, mas foi melhor assim, vô! Senão eu não estava aqui, né? O senhor não teria essa neta maravilhosa! (grifo meu, hihihi)
Ainda não fui a fundo nisso, minha mãe (antes do Alzheimer) não gostava de falar mal da terra dela, minhas tias sempre contaram essa versão ou algo bem próximo, que sofreram, que foram expulsas, que à noite na escuridão (60, 70 anos atrás) elas viam capangas armados ao redor das terras delas, roubavam gado, matavam, e elas quietinhas escondidas dentro de casa.
A seca matando tudo em volta, sem uma gota d’água para nada! E elas, com o pouco de água do açude tocavam a vida simples de sitiantes, até que a sede de PODER as destituiu de suas terras.
Hoje minha mãe tem 81 anos e o cenário ainda é o mesmo, conforme vi de perto ano passado! Meus Deus, eu não pensei que viveria para ver no real, uma paisagem que até então só conhecia de tela!
O primeiro capítulo de Gabriela muito me emocionou, não vivi aquilo, mas sei que é bem por ai!
Enquanto os podres poderes se engalfinham um acusando o outro, ainda vive-se no interior do Brasil, as mesmas situações de 50, 100, 200 anos atrás. É vergonhoso! Mas quem vai se levantar para contra atacar? Ninguém! Fácil é descer a lenha daqui, confortavelmente. Ai de quem tentar se levantar ainda hoje contra o coronelismo e a industria da seca existente neste país. Será morto em emboscada, ou à luz do dia mesmo, como estamos vendo por aí: jornalistas, policiais, pessoas que combatem o mal.... é, não tá bom não!
E tenho péssimas notícias: NÃO VAI MELHORAR!
O povo não sabe a força que tem, vive na vida de gado que Zé Ramalho canta, mas........... já viram o estouro de uma boiada?? NINGUÉM segura.
Difícil é conscientizar o primeiro boi! Mas “tamo na luta”!
Beijos.
LOYRA*SP

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