ÉRAMOS JOVENS

domingo, 13 de setembro de 2009

A festa acabou, a luz apagou...


MAIS UMA DE 2005
E agora José?
Ou...... e agora Luís? Lembrei de Cazuza que disse: “meus heróis morreram de over dose, meus inimigos estão no poder”.
Lembrei de Hebert que disse: “Luis Inácio avisou que são 300 picaretas com anel de doutor...” (?????????)
Na época, a musica foi CENSURADA. E não foi nos anos 60 não! Foi “agora”! Eu, que nasci em 68 já era fanzoca dos paralamas quando Hebert escreveu esta letra; me decepcionei um pouco por saber que ele era “do PT”, mas depois lembrei que diferente era eu! risos. O “mundo” era “do PT”!!! O país saía da ditadura militar, e eu saía aos poucos de meu casulinho! Meu pai, Miguel (nome de arcanjo..rs) um sonhador nato, tudo pelo social mesmo... mas sem legendas: na construção da igreja do bairro ele esteve presente desde a planta (presente fora e dentro), a creche do bairro, o posto de saúde... não importava quem estava no poder, se era o partido X ou Y, o que importava era quem ajudasse, e o pai era a água mole em pedra dura. Todo santo dia em reuniões, toda hora um abaixo assinado, ou pra asfalto, ou pra “luz da rua”, ou pra policiamento... eu, por ser poupada das bandalheiras, só sabia o que precisava saber. Um dia chegava e dizia: “conseguimos o terreno, a creche vai ser ali, do lado da casa do ‘seu Zé’ e o Covas disse que vem”. E eu com isso? Pra mim, sabia que ia ter lanche e roupa de domingo no dia da inauguração. O tal do Covas? Ah sim... muito simpático lá no meio do barro com a gente, ele, a esposa... tomando café em canecão de esmalte, numa casa paupérrima como se fosse um de nós; sem segurança, sem comitiva... só ele, a mulher, o pessoal da “imprensa local” (panfletinhos da associação de amigos do bairro... e o mural da igreja!). E assim sucessivamente e incansavelmente o pai ia lutando para o bem comum! Nunca se vendeu. Em outro dia chegava todo feliz, abria um papel em cima da mesa de fórmica da cozinha – um papel bonito, de seda bem grandão cheio de desenhos e números - , e dizia: “conseguimos o posto! O terreno foi desapropriado, já está tudo certo, logo as máquinas chegam!”. Ops... isso eu entendi! Deus do Céu! O campinho! Isso não ia prestar, o pessoal ia ter que ir pro campinho “de baixo”, mas lá já tinham “os donos”... ia dar briga!
Notem minha preocupação!
Dali, não sei se o pai dava mais importância, em nós filhos, participarmos das conversas ou se nós é que passávamos a ter mais consciência e mais atenção. Quando o pai falava das questões políticas (a reunião de Amigos de Bairro) já não olhava mais somente pra mãe, já dirigia o olhar a nós – alias, gesto repetido igualmente por meu irmão até hoje, ele não pede atenção, só olha! – e todo mundo entende, quem se atreve a não entender não esquece o momento!
O tempo passou, adquirimos nossas próprias opiniões, já conseguíamos distinguir as coisas, o campinho de baixo também foi invadido por uma construção, a “mata” (para nosso mundinho, era uma mata! Mas não passava de um terreno baldio e com muito mato) da frente foi tomada por casas... adeus esconde-esconde. Mais novidades: o asfalto! Guias, máquinas e calçadas... o carrinho de rolimã agora era chique! Ia rodar no asfalto! Mas aquilo enchia o saco, não podia mais ir pra rua, tinha trator por lá! Quando chovia... mais lama que quando era rua “de terra”, sacolinha nos pés pra não chegar todo sujo na escola e esperar a mãe vir buscar com outras sacolinhas para não sujar a roupa e a casa.
Era enfim, O PROGRESSO!
Que chato! Nos podando de tudo! Calma, gente! Não tire a seda do meu casulo desse jeito! Devagar, senão eu caio!
O país andava mal, então: DIRETAS NELES! Veio Tancredo. Nem assumiu. Morreu Tancredo! E tome plano isso, plano aquilo. O contadores enlouqueciam com tanta mudança e conversão. Surgia todo tipo de manifestação. O povo queria igualdade, fraternidade e solidariedade (lembram?). As CEB’s multiplicavam-se e apoiavam um novo partido político, meu pai era tradicionalista, não concordava com as CEB’s, não concordava com a mistura de fé e “política”; mas não deixava seus ideais nem com bomba! Elegeu-se de tudo! Até que (esta é minha opinião, faço parte de um todo e neste todo a maioria vence, e procuro pensar como ela) não teve outro jeito. Não havia mais em quem apostar. Então campanha para o “Salvador da Pátria”, este, um sonhador também, achava que com ele seria diferente. O “Sassá Mutema” da vida real foi eleito em 2002. E como todo sonho, quando virou realidade.......... não era bem assim, os moinhos de vento eram e são reais. A direção do país foi posta nas mãos de quem mal tinha a habilitação provisória. E seguem infração atrás de infração. O caos só não é maior, pq a maioria está tão decepcionada que tem vergonha de repudiar, afinal era a ultima esperança, e como sair às ruas se não há a quem clamar? “FORA QUEM?” O homem que durante 20 anos implorou pra que o povo o elegesse, que com seus amigos fariam do Brasil o país de Alice, não consegue hoje aceitar uma crítica, não pensa pra falar, expõe o país ao ridículo. Quando um de seus membros diz que a cúpula está errada, é EXPULSO, onde está a igualdade? Onde está o idealismo pregado e cobrado? O exército é mandado a outro país, como se o nosso não precisasse: os que não estão no Haiti de fora, estão no Haiti daqui... OCIOSOS de corpo e de mente; as Farc entram e saem de nossas fronteiras, contrabandeiam a ética: dinheiro por conivência. Rocinhas e Febems explodem diariamente, mostrando que os poderes (não importa o lado) estão falidos. O nordeste está mais seco ainda (de esperança e de desvio de verbas do aclamado “FOME ZERO”, mais “nepotizado” ainda por seus Severinos!), que surjam mais “Heloisas”, MARINAS, mulheres que todos nós deveríamos nos exemplar... não sei na vida pessoal, mas na pública: ELAS SÃO AS MINAS!
A guerra é interna, o campo de batalha é dentro de cada um, e sorte a nossa sermos culturalmente pacíficos. Pacíficos? Que tal: sossegados?
Sossegados e cansados. A minha parte? Tô aqui, é só me chamar que empunho meu arco e flecha (minha mais nova modalidade em armas, segundo Antonio), por enquanto, brigando aqui no papel, comigo mesma.
Depois de rompido meu casulo, estou ainda esticando as asas, secando ao sol e me adaptando a minha nova forma; arrisco pequenos vôos, e quando olho além do meu quintal desejo ter uma mente que absorva tudo, nesses vôos, sem ter ido longe já sofri algumas avarias, mas nada de grave; quero e vou arriscar além. Não almejo muito não, esse papo de bem comum é “no sense”, volto à velha ‘balela’ de que se fizermos a nossa parte sem tentar empurrar nossos pontos de vista goela abaixo, e só mostrar a que viemos, as coisas melhoram; pegue seu pacote de arroz, peça ao seu colega um de açúcar, a outro um de feijão, a outro um litro de leite; pronto! Está montada uma cesta basiquérrima! LEVE A QUEM NECESSITA QUE VOCÊ CONHEÇA. Vc vai gostar do bem que fará; não gosto de auto propaganda, mas só eu sei o quanto vale o sorriso de quem ajudo; eles não sabem meu nome, não sabem onde moro, e nem vão saber... o que importa? Só a alegria que dão a minha alma já é mais que suficiente. Concomitante, vou aqui... digitando enquanto a tendinite não me tira os movimentos. Se um dia acharem os meus escritos, lerem, rirem, publicarem... já terá valido a pena, por enquanto, uma palavra, um sorriso, uma dica que eu possa dar e que sirva pra pensar, já me basta. Estava aqui olhando minha bagagem... é pouca aos olhos superficiais. Mas só eu sei o que cada peça representa. E o quanto representa....!!!
GILDA. 2005

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