(para quem cuida)
Facetas do doutor
Alzheimer...
“vocês colocaram veneno na
minha comida, pensa que não sei??”
Poxa, essa foi a fase
inicial de mamãe... tudo tinha veneno, o pior é que os mais próximos a nós
acreditavam... Alzheimer não era tão divulgado, e minha mãe era pessoa
confiável, então... até em delegacia de polícia paramos! Fomos denunciados por
MAUS TRATOS, nós que amávamos mais que nenhum filho nesse bairro amava seus
pais... vejam vocês.
No dia e hora estipulados
pela delegacia da mulher, lá estávamos com mamãe, que graças a Deus, NAQUELE
DIA, não estava tão confusa! Mas... toda arranhada por um gato bebê que
apareceu em casa e ela adotou... dormia com ele, comia com ele em cima da mesa,
olha gente... o caos! Kkkkkkkkkk Ele não queria ir no colo, ela forçava e ele a
arranhava, com isso.... os braços arranhados, marcados..., e assim fomos para a
delegacia. A doutora chamou, entramos, mostrei os laudos e a petição de
interdição, a Doutora conversou muito com a gente, até para “pegar algum
deslize”, e depois foi ter com mamãe, que graças a Deus disse que comia bem,
que amava a gente e que nunca fizemos nada a ela.
- Dona Maria, seus filhos
machucam a senhora?
- Nããããão! Meus filhos são maravilhosos, são
minhas preciosidades! Nossa, nem pensar!
A Delegada viu o braço
dela, e sabia que aqueles arranhões não eram de unhas humanas, eram riscos
finos, falamos do gato e ela disse: “Sim, estou vendo que não foram vocês!”
Feito os tramites, a
delegada que esqueci o nome, mas é a primeira delegada da delegacia da mulher de
SÃO PAULO, muito respeitada, ela nos disse que entendia nossa situação, mas
assim como a nossa situação não era de maltratar a mãe, outras eram, e eram
casos graves, então era a obrigação dela, e blábláblá... e que ela estava vendo
que mamãe estava corada, bem vestida, cheirosa, e o chá de cadeira que nos
deram, era justamente para ver nossa reação ao lidar com ela... rsrsrs... o
tempo que esperamos, mamãe dizia: VAMOS EMBORA AGORA, aos gritos! Kkkkkkkkkkk E
a gente pegava ela, dava uma volta na sala de espera, ela conversava com todo
mundo, achava que estava com roupas pra lavar em casa e não podia ficar ali
não... kkkk ao terminar a volta, a gente sentava e ela esquecia de ir embora.
Ainda havia uma tal “fumacinha”
que mamãe dizia que colocávamos no quarto dela para ela dormir, aquilo era
macumba, a gente colocava ela pra dormir para pegar ‘as coisas’ dela! Sem falar
nas panes! Ela deitava e ficava gemendo... sem motivo. Pressão boa, diabetes no
nível bom, e ela deitada, de olhos fechados propositalmente e gemendo... que
desespero! Chamávamos nossa tia que morava perto, fazíamos chá, orávamos... e
NADA! Até que do nada ela acordava e não lembrava de nada.
Minha família chegou a cogitar
possessão demoníaca, olha gente, que sofri, viu? Lá vinha o católico com agua
benta, o protestante com a bíblia, e tome a orar na mamãe, tadinha... era só
MAL DE ALZHEIMER! Como ela sofreu... muito mais que eu, que nossa família! É
como digo no texto anterior... dentro deles, dos portadores de ALZHEIMER, deve
se passar O PÂNICO! E cabe a nós tentarmos nos colocar no lugar...
Então, caríssimos, isso e
muito mais aconteceu. Falar tudo de uma vez, dá um livro, que estou
providenciando...
Beijos.